Por Elsyen Maryan – Psicóloga do Núcleo Dra. Fernanda Nathalia
Uma sugestão de tradução aproximada do termo em inglês “people pleaser” seria uma pessoa que gosta de agradar. Em uma visão psicanalítica, o conceito de “people pleaser” pode ser definido como um padrão de comportamento que demonstra uma busca em excesso por aprovação e aceitação externa. Esse padrão coloca em risco a própria integridade psíquica do sujeito. Pessoas com esse perfil possuem a tendência a internalizar uma dependência excessiva da validação dos outros e geralmente negligenciam as suas próprias necessidades e desejos genuínos.
Esse comportamento pode ser visto como uma forma de mecanismo de defesa do ego, onde o indivíduo busca evitar conflitos e manter uma imagem idealizada de si mesmo aos olhos dos outros. A origem desse impulso pode estar em experiências na infância de privação afetiva ou em dinâmicas familiares onde a valorização pessoal estava condicionada à conformidade com expectativas externas. Ou seja, o sujeito só era valorizado quando agia de acordo com o que os outros esperavam dele.
Do ponto de vista da psicanálise, o “people pleaser” pode manifestar uma dificuldade em estabelecer limites claros entre o eu e o outro, resultando em uma identificação excessiva com as necessidades alheias em detrimento das próprias. O processo de identificação é algo natural de todo ser humano, mas a maneira como isso acontece com essas pessoas, pode levar a um conflito interno entre o desejo de ser amado e a necessidade de autenticidade pessoal, frequentemente acompanhado por sentimento de vazio e insatisfação crônica.
O trabalho terapêutico dentro da abordagem psicanalítica visa explorar esses padrões de comportamento afim de expor as origens inconscientes dessa necessidade excessiva de agradar. O processo envolve investigar, através da associação livre, as dinâmicas familiares e as experiências emocionais passadas que contribuíram para a formação desse comportamento. Ao promover a conscientização desses processos inconscientes e oferecer um espaço para a expressão autêntica das emoções e desejos pessoais, o trabalho psicanalítico pode ajudar o indivíduo a reconstruir uma autoimagem mais integrada e um senso de identidade própria totalmente novo.
Resumindo, a abordagem psicanalítica enfatiza a importância de explorar os significados simbólicos e os conflitos inconscientes subjacentes a esse comportamento, levando em consideração o seu caráter adaptativo na vida do sujeito, visando promover um amadurecimento emocional e psicológico mais profundo e sustentável.
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